O Reator TRIGA IPR-R1 opera a uma potência máxima de 100 quilowatts, e é utilizado como uma ferramenta de treinamento, pesquisa e produção de radioisótopos. Sua capacidade de produção permite irradiar até 76 amostras ao mesmo tempo. O único reator nuclear de Minas Gerais foi adquirido há 64 anos pela Escola de Engenharia da UFMG em 1958, com apoio do Governo do Estado de Minas Gerais. Naquela época, o atual Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN) era conhecido como Instituto de Pesquisas Radioativas (IPR).

Fabricado nos Estados Unidos pela General Atomics, o equipamento leva suas funções no nome: Training, Research, Isotope e General Atomics, ou Treinamento, Pesquisa, Isótopos e o nome da fabricante. O reator é utilizado em atividades educacionais, na formação de futuros operadores de reatores nucleares de pesquisa e potência e em pesquisas na área nuclear e de materiais. Além disso, o TRIGA é utilizado, principalmente, como método analítico para a determinação da concentração elementar de matrizes diversas (Análise por Ativação Neutrônica), na produção de radioisótopos para aplicações em projetos da indústria, do meio ambiente e de novos materiais

Em solo brasileiro, o TRIGA foi o segundo reator nuclear do país e o primeiro a obter a Autorização para Operação Permanente (AOP), e segue sendo o único reator nuclear do estado mineiro. Desde sua instalação no CDTN, o TRIGA tem sido um dos protagonistas da tecnologia nuclear no país. Para Paulo Fernando Oliveira, servidor aposentado do CDTN que atuou por 38 anos nas operações do reator, a história do equipamento demonstra a importância do equipamento no estado de Minas Gerais e no Brasil. “Na década de 1970 foi criado o Curso de Treinamento de Operadores em Reator de Pesquisa. Até hoje já foram feitas em torno de 25 aplicações desse curso, e tivemos uma atuação relevante na formação de futuros operadores dos reatores de Angra dos Reis, capacitando cerca de 270 profissionais. Para nós, esses números ressaltam a importância do TRIGA para o país”, destaca. 

Desde sua instalação, o reator TRIGA é monitorado e passa por inspeções e manutenções periódicas, de forma a garantir sua modernização, maior vida útil e assegurar a contínua realização de atividades científicas e educacionais. O diretor do CDTN, Luiz Ladeira, destaca o papel central que o equipamento ocupa nas atividades da instituição. “O Reator TRIGA é o coração do CDTN. Sem ele perderíamos, definitivamente, a nossa identidade de centro de desenvolvimento na área nuclear”, comenta.

Os trabalhos exercidos a partir do TRIGA estão diretamente ligados às pesquisas desenvolvidas no CDTN. Assim, o reator também tem um importante papel no desenvolvimento da tecnologia nuclear em benefício da sociedade e da ciência. Tais atividades também reforçam o comprometimento do CDTN com a segurança e transparência nas atividades de operação nuclear, compromisso este que atravessa os quase 70 anos de história do Centro. 

Marcos na história

Durante a década de 1970 até o início da década de 1980, o CDTN teve forte atuação na prospecção de minério no Brasil, atuando, a partir do reator TRIGA, na análise dos teores de urânio do minério. Ainda hoje, o Centro realiza pesquisas importantes na área da mineração. Outras pesquisas também chamam a atenção: em 1995, pesquisadores do CDTN realizaram um mapeamento de elementos químicos, posteriormente analisados a partir do TRIGA, presentes em comunidades indígenas, com o intuito de verificar a origem dos materiais utilizados para a fabricação de cerâmicas. 

O TRIGA ainda conta com um programa de visitas, suspenso em razão da pandemia de Covid-19, mas que retornará ainda em 2022. Há a modalidade de visitas técnicas, para conhecer as instalações e laboratórios, como também visitas de pesquisa para a realização de trabalhos mais específicos. Em 2019, o CDTN recebeu 2.965 pessoas em 70 visitas. Mais informações sobre as visitas serão divulgadas oportunamente no site e redes do CDTN. 

O Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN) é uma instituição vinculada à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), autarquia federal do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).

Confira o artigo científico mais recente sobre o TRIGA: "Reevaluation of Spectral Parameters and Neutron Fluxes in IC-7 Irradiation Channel of TRIGA MARK I IPR-R1 Research Nuclear Reactor" (https://doi.org/10.1115/1.4051249)