Karoline Feitoza Suzart ganhou bolsa Atlânticas pelo CNPq e desenvolverá pesquisas para seu doutorado em prestigiada instituição na Alemanha a partir de janeiro de 2025

A jovem doutoranda Karoline Feitoza Suzart, natural de Aracaju/SE, conquistou recentemente a prestigiada bolsa Atlânticas, oferecida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A bolsa, que leva o nome da ativista Beatriz Nascimento, é destinada a apoiar o desenvolvimento de doutorados na modalidade "sanduiche” ou ou pós-doutorados no exterior e homenageia a luta contra o racismo no Brasil. Karoline, que atualmente reside em São Paulo, encontrou no edital a oportunidade que precisava para financiar sua estadia no exterior e ampliar seus conhecimentos na área nuclear.

Bacharel em Física Médica pela Universidade Federal de Sergipe, Karoline foi aprovada em 2019 no processo seletivo do mestrado no Programa de Tecnologia Nuclear oferecido pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN-CNEN) em parceria com a Universidade de São Paulo (USP). Sob a orientação do Dr. Carlos Henrique de Mesquita (1945-2024), ela concluiu o mestrado em 2022 com um trabalho inovador sobre o desenvolvimento e caracterização do cristal CsI:Tl para uso como detector de radiação.

Atualmente, Karoline está no doutorado sob a orientação da Dra. Maria da Penha Albuquerque Potiens, gerente do Centro de Metrologia das Radiações (CEMIR), no Grupo de Estudos em Metrologia Radiológica. Sua pesquisa envolve o desenvolvimento de um objeto simulador (phantom) utilizando uma impressora 3D para posicionamento e calibração em aceleradores de elétrons que depositam ultra alta taxa de dose, técnica conhecida como radioterapia FLASH. Esta técnica, ainda pouco explorada no Brasil, tem mostrado resultados promissores na redução dos efeitos colaterais nos tecidos sadios durante o tratamento de tumores.

Entusiasmo e emoção

A divulgação do resultado da bolsa foi um momento de grande emoção para Karoline. O resultado preliminar, que saiu no final de abril, já indicava a seleção de seu projeto. No dia 19 de julho, com a publicação do resultado final no Diário Oficial, a felicidade foi imensa. "Fiquei muito feliz, não sabia como reagir de tanta felicidade”, compartilhou Karoline. Receber o parecer por e-mail e ver seu nome na lista das contempladas foi outra alegria indescritível.

Para Karoline, solidária, essa conquista é coletiva. Desde muito nova, ela foi incentivada pela família a estudar e buscar sua independência e êxito profissional. "Na minha trajetória pessoal e acadêmica, fui muito privilegiada por conhecer pessoas que me inspiraram e me incentivam a continuar e lutar pelos meus objetivos”, disse. Ela também destaca a importância de atuar na WiN Brasil (Women in Nuclear Brasil) e MunaN (Mulheres Negras na área Nuclear) para seu desenvolvimento pessoal e profissional.

Sua família, que mora parte em Aracaju e parte na Bahia, ficou sabendo da notícia durante uma visita realizada em junho. "A reação da minha família foi de muita felicidade, apoio e incentivo. Eles acreditam no meu potencial quanto pesquisadora e mulher negra nordestina que veio para São Paulo atrás dos meus sonhos”, contou.

A jovem pesquisadora passará nove meses no DESY - Deutsches Elektronen-Synchrotron, na unidade de Zeuthen, Alemanha. As atividades estão previstas para começar em janeiro de 2025.

A conquista de Karoline é um exemplo inspirador para outras jovens pesquisadoras que buscam oportunidades de carreira em ciência. Sua trajetória demonstra a importância da dedicação e da busca por conhecimento, além de destacar o papel fundamental de programas de financiamento como o Atlânticas na promoção da pesquisa científica no Brasil.

Sobre o Programa Beatriz Nascimento

O Programa Beatriz Nascimento é uma iniciativa do CNPq que visa apoiar jovens pesquisadoras em suas jornadas acadêmicas, oferecendo bolsas para estudos e pesquisas no exterior. O programa homenageia Beatriz Nascimento, uma importante ativista na luta pelos direitos dos negros no Brasil.

Karoline encoraja outras jovens a seguirem seus sonhos na ciência. "Acreditem em vocês mesmas e busquem sempre novas oportunidades. A ciência precisa de mais mulheres dedicadas e apaixonadas pelo que fazem”, afirma.

A história de Karoline é um testemunho do poder transformador da educação e da pesquisa, e serve como inspiração para futuras gerações de jovens cientistas.

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