O titular da Secretaria de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social (SEDESse reuniu com o presidente Francisco Rondinelli para discutirem pautas atuais e importantes para o setor nuclear brasileiro.
O presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear, Dr. Francisco Rondinelli Júnior, recebeu na manhã da última segunda-feira, 10 de março, o secretário de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social (SEDESdo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Inácio Arruda, e comitiva, para uma visita institucional que ocorreu no salão nobre, na sede da autarquia, no Rio de Janeiro.
Um dos assuntos centrais desse encontro foi a exploração de urânio em uma mina de fosfato localizada em Santa Quitéria, município do Ceará, que ainda não foi iniciada. O secretário manifestou interesse em ter mais detalhes sobre o monitoramento realizado pela CNEN, a fim de garantir que os trabalhos sigam aderentes às normas ambientais, e reforçou a importância de um diálogo mais contundente e esclarecedor sobre o tema com a população local, que se encontra resistente à extração desse minério. Ele citou que cerca de 20 povos originários vivem na região de Santa Quitéria e que também estão acompanhando as tratativas sobre essa exploração:
“Sabe-se que o Ceará tem uma mina de fosfato muito importante, que nós precisamos imensamente e que está, do ponto de vista mais estratégico, sob responsabilidade da CNEN, e do ponto de vista da exploração, da INB (Indústrias Nucleares do Brasil). E digamos que aquela quantidade pequena de urânio é muito importante também para o Programa Nuclear Brasileiro, especialmente para a produção de energia.
O secretário enfatizou a importância de um diálogo aberto e transparente sobre a exploração: “Nós temos que encontrar maneiras de dialogar com a população local e com a população do estado, e mesmo do país, demonstrando que ali se tem muitos benefícios e vantagens. E os possíveis prejuízos têm que ser mitigados, como sempre nós fazemos, e acho que nós sempre temos agido com muita responsabilidade”, declarou o secretário Inácio.
Outro ponto discutido nessa reunião foi a continuidade das obras da usina nuclear de Angra III, também considerado um assunto que gera intensa mobilização no setor nuclear do Brasil. Tanto Rondinelli quanto Inácio estão de acordo com a decisão de que desistir da construção da usina será mais custoso e prejudicial para o país do que dar continuidade a esse empreendimento. Para o secretário, “seria um absurdo pensar em dar um passo atrás nesse sentido”. Já Rondinelli informou que a data de conclusão de Angra III está prevista para ocorrer em 2031, com homologação e início de operação em 2032.
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Inácio Arruda celebrou ainda o início das obras do Reator Multipropósito (RMBem Iperó, na região de Sorocaba, interior de São Paulo, cuja cerimônia de inauguração ocorreu em fevereiro com a presença da ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, em que ele destacou a relevância desse projeto para o desenvolvimento do setor nuclear, tanto no aspecto social quanto na área de pesquisa e inovação. A previsão, segundo o presidente da CNEN, é inaugurar o complexo do RMB até 2030.
Investimentos na popularização da ciência
Ainda sobre o Reator Multipropósito, o titular da Secretaria de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social lembrou da importância de que, ao investir na engenharia e produção de equipamentos que vão gerar transformações dentro do setor nuclear, é preciso destinar parte dos recursos para fomentar a popularização do saber científico junto às comunidades que vivem em torno desses empreendimentos.
Por sinal, esse é um dos pilares da SEDES, exemplificado pelo programa “Mais Ciência na Escola” que estimula a educação científica e digital em escolas do ensino fundamental e médio, algo considerado pelo secretário, essencial para que a população compreenda a importância de uma determinada fonte de energia, como a nuclear:
“Nós temos que ter esse propósito, de que cada centavo que a gente invista na produção de energia, como no caso do Reator Multipropósito, uma ponta desses recursos seja destinada para a popularização da ciência e educação científica”, afirmou Inácio.
Ao final do encontro, o presidente Rondinelli fez um balanço positivo sobre a visita do secretário, pois demonstra que a CNEN está em estreito relacionamento com todas as áreas do MCTI, além de haver um constante diálogo com a SEDES, para colocar algumas aplicações de técnicas nucleares em atendimento às demandas da sociedade. Ele declarou ainda que há uma iniciativa, junto ao Ministério da Ciência, de apresentar os benefícios da área nuclear para as autoridades que atuam na esfera federal:
“Nós temos conversado bastante sobre o programa de divulgação da ciência nuclear. Estávamos pensando em organizar um evento em Brasília para falar mais das aplicações da ciência nuclear, e convidar vários ministérios e autoridades para conhecer mais do trabalho do setor nuclear dentro do Brasil”, informa Francisco Rondinelli.
Escrita por: José Lucas Brito (SETCOS/ IENpara a COCOM/CNEN