O centro colaborador da AIEA dará apoio a workshops internacionais incentivando a cultura de segurança e ficará localizado na Biblioteca Terezine Arantes Ferraz que terá parte de suas instalações readequadas até junho de 2025
O IPEN-CNEN recebeu a visita da diretora da Divisão de Segurança Física Nuclear da Agência Internacional de Energia Nuclear (AIEA), Elena Buglova, em 3 de outubro, como parte de uma intensa programação de atividades no Brasil que incluíram participações no "Regional Workshop on Developing a National Framework for Managing the Response to Criminal or Intentional Unauthorized Acts Involving Nuclear or Other Radioactive Material” e no encontro sobre "Segurança Física Nuclear: Ações Regulatórias no Brasil e a Cooperação com a AIEA”, ambos na cidade do Rio de Janeiro.
No encontro, realizado na sede da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), em 2 de outubro, Buglova destacou o esforço contínuo de colaboração na busca de tornar robusta a segurança nuclear no País.
No IPEN, Buglova e o chefe da Seção de Segurança da Informação da AIEA, Rodney Busquim e Silva, que a acompanhava, foram recepcionados por Isolda Costa, diretora do IPEN, coordenadores e gerentes de centros de pesquisa no espaço cultural "Marcello Damy” onde conheceu a exposição "O IPEN e sua História”.
Visitas técnicas
As visitas técnicas se iniciaram no Centro de Tecnologia das Radiações (CETER), nas instalações dos aceleradores de elétrons, do Irradiador Multirpopósito de Cobalto-60 e da Unidade Móvel com acelerador de feixe de elétrons para tratamento de efluentes industriais, esta última em projeto com parceria da AIEA. No local, a comitiva foi recebida por Samir Somessari, gerente adjunto, Fabio Costa, pesquisador, e Heitor Gameiro Duarte, colaborador nas atividades realizadas nos aceleradores de elétrons.
Outra área visitada foi o Reator de Pesquisa IPEN/MB-01, no Centro de Engenharia Nuclear (CEENG). O projeto do reator, genuinamente nacional, foi resultado de parceria entre o IPEN e a Marinha do Brasil. Marco Antonio Sabo, operador do reator, acompanhou o grupo.
"IAEA Collaborating Centre”
Após as visitas técnicas e uma reunião na Sala do Conselho Superior do IPEN, foi realizada uma cerimônia de descerramento de placa para a criação do centro colaborador da AIEA no Instituto.
A ideia da criação de um centro de colaboração no IPEN surgiu do intenso intercâmbio existente entre o Instituto e a AIEA, fortalecido com a realização de workshops na área de segurança computacional. O acordo que formalizou o "Collaborating Centre” foi assinado em junho de 2024. A coordenação principal pelo IPEN será de Paulo Henrique Bianchi, também responsável pela Coordenadoria de Planejamento e Gestão do Instituto. Pela AIEA, responderá pela gestão Rodney Busquim e Silva, que responde pela segurança da informação do órgão internacional. Compõem o Centro uma equipe de colaboradores da Universidade de São Paulo (USPe da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
Bianchi comenta que o objetivo do "Collaborating Centre” é apoiar a AIEA em atividades relacionadas à Segurança Computacional, Detecção de Radiação e Proteção Física para a Segurança Nuclear. O Centro serviraá de apoio técnico-científico para o desenvolvimento de treinamentos e capacidades regionais para a segurança nuclear. A Biblioteca Terezine Arantes Ferraz, anexa ao Bloco de Administração do Instituto, terá parte de seu amplo salão de leitura adaptado para abrigar as novas atividades. A previsão é que a reforma esteja concluída no segundo semestre de 2025.
"A criação do ‘Collaborating Centre’ no IPEN-CNEN representa um avanço significativo na segurança nuclear no Brasil. Estamos entusiasmados em colaborar com a AIEA para desenvolver novas metodologias de segurança e apoiar o fortalecimento das capacidades técnicas e científicas da região. Este é mais um passo importante para garantir a proteção físisca e a segurança digital em áreas críticas de instalações nucleares e radiativas”, conclui Bianchi.
O IPEN-CNEN passa, então, a ingressar na relação de mais de 50 centros colaboradores da AIEA no mundo, sendo o quarto no Brasil.